Adultério

Deixa que o Desejo sabe bem
Por que te vem à lembrança o meu nome
Quando perguntas “quem?”
Ela – Se fazes e aconteces
Nos jogos de palavras
(em que o teu olhar se esconde)
Nem me aqueces nem me arrefeces
Antes, pelo contrário, me aborreces
Quanto me fintas e te furtas ao “onde?”
Ele – Se, p’ra nosso espanto,
No acontecer furtivo do delito-encanto
A vontade vergar o corpo, requebrando,
Bebes no adultério o teu choro
Desejas não ter havido um “quando?”
Ela – Se te encontro
E te prometes
Ao acontecer de nos entretecermos
Ao rubor das tuas faces me assomo
E canto-te para nós percebermos
O que nos levou ao “como?”
…Assim fomos
Em quatro palavras o plano
Humanos, é o que somos!
Na doce cama do engano.