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terça-feira, novembro 30, 2004

Entrevista de emprego


Fiz a barba,
Mas não me perfumei
De nervoso que estava
Dois ou três cigarros “esfumacei”
Para matar, também, o tédio
Fiz jogos mentais
Já tinha procurado tanto
Nos jornais
Que me saiu à sorte
Um emprego dos tais

Pus a melhor roupa
Sapatos novos
Ajeitei a farpela
Passei as calças a ferro
E fiz-me a ela,
À vida
Procurando poiso certo
Depois de noite bem dormida

Pus um pullover
Que tinha comprado
Pode ser ele a resolver
Se fico ou não neste achado
Porque a apresentação conta
Apesar de, por trás da roupa,
Não se saber que vida se monta

Assim, de trejeitos mais cuidados,
Fui direito ao emprego
Que tinha achado nos classificados…

segunda-feira, novembro 29, 2004

Estava confiante, o Tempo...

Encetámos novo diálogo, aos olhos de outros pareceria solilóquio. Continuo a remoer-me, bem cá dentro. Ele, irónico, sabe bem dos seus desígnios, porém, toda a verdade por ele proferida me soa a possível mentira. São os caminhos, que ele anuncia, que eu temo, isto porque as escolhas são minhas. Por que decisões me levo, por que deliberações me retenho. Todas elas, em que tempo? O meu tempo, tempo dos outros, tempo do mundo. Temo, Tempo. E no tempo temo os tempos que hão-de vir. A sua mão forte, mas afável, no meu ombro, acalma-me:
- O tempo está do meu lado – afirmei sorrindo.
- Estou do teu lado, sim senhor! O tédio não te há-de consumir, virei armado, sempre que assim o quiseres, mesmo sem querer.
O sorriso não lhe saía do rosto e os seus olhos reluziam. Estava confiante, o Tempo.

segunda-feira, novembro 22, 2004

Devo

Devo fazer
Pensar, o que pensar?
Fazer, por fazer,
Fazendo o que devo
E do que se faz seja relevo
A virtude, não discute
Faz, fazendo, por fazer
A decisão pode ser
Embuste
Fazendo, no que faz,
O mais que custe
Prever, pré, faço
Que vendo por dentro
Desenho traço
E esboço-me na acção
Preço por pagar
Fazer, fazendo, então!
E faço, penso, no que julgo
Fazer porque se faz
Também o faz o vulgo
Vulgo, vulto
No que devo
Sou dissoluto
Por fazer, fazendo
Se escusa o absoluto.

domingo, novembro 21, 2004

Lobby dos Bosques

Este herói, como não há outro
Pede imposto (quase pelo ar que se respira)
E não dá troco

Filho pródigo de um poder imaturo
Paga-se a educação
Roubam-nos o pão

E (dentro das nossas certezas)
Taxas altas, mas carteiras tesas
Num Governo filho da Revolução

Lobby dos Bosques, herói privatizado
A saúde de todos que espere
O esquema está a ser montado
P’ra quê saúde gratuita
Se no produzir é que está o ganho

A lábia de Lobby é muita
Quer aquilo que tenho
E tudo o que se faz é um engano

Lobby, o dos Bosques, gosta de armas
Feitiçaria ou golpe de karma
Trocado ao sabor do vento
Lobby é arauto do advento

Herói burguês
Que das horas ou minutos
Faz dinheiro
Herói que engana tudo e todos
É do poder sapateiro
Que, calçando os senhores,
Produz uma assembleia corrupta
E aposta nos off-shores

Lobby dos Bosques
Estudante da Moderna
Aprendeu com os gestores
As melhores formas de “passar a perna”
Lobby dos Bosques
Aprendeu a lavar
O dinheiro descontado
Branco mais branco não há
Diz o cheque do Governo desgovernado

Lobby dos Bosques gasta gasolina
Paga Ecotaxas
Ingrediente de todas as graxas
O povo não desatina

Amigo íntimo dos poderosos
Traz favores em cachos,
Que sendo alimento dos gulosos,
Vêm servidos em tachos

Lobby dos Bosques
Faz desporto, futebol bem praticado
Dentro do saco azul, uns calções, umas meias
Alguns dinheiros extras, sem contar com o ordenado

Lobby dos Bosques
Orçamenta e também arbitra
Manda, portanto, de dois modos
Nos dois há sempre guita (e fita!)
E muita areia para os olhos (de quem? Muito óbvio…)

É assim Lobby dos Bosques
Herói do burgo privado
Dêem espectáculo ao povo
Que ele continua amigo do estado




Diz ao teu ventre que o quero beijar

Diz ao teu ventre que o quero beijar
Senti-lo bem perto dos meus lábios
Diz-lhe de mansinho para que não se assuste
Promete-lhe o meu amor, para que o futuro não lhe custe

Diz aos teus lábios que os quero sentir
Diz ao teu cabelo que o quero cheirar
Dizer-te que te amo não chega, diz-te tu a ti
Diz-te que dizer que me amas
Me faz e te faz confortar a alma

Dizer que te amo, ao teu corpo
(esse deserto, onde desejo perder-me
Onde a Razão monta o seu castelo
E o tempo faz aparecer a miragem)

Dizer ao teu corpo que te amo
Não é tarefa fácil…
Diz aos teus braços para me receberem
Às tuas mãos, diz-lhes que me afaguem

Manda o mundo ir dar uma volta
Se, por acaso, tiveres medo que os sentimentos se apaguem

Paro para dormir no caminho da vida
Se o teu amor for a estalagem

Só quero descansar os meus lábios em ti
Com a inocência…
…de um predador

sexta-feira, novembro 19, 2004

Hoje... é um dia como todos os outros.

Hoje estive vestido de outra condição.
Em que afago me escondo, em que carinho me encontro.
Estava, afirmo e confirmo, perdido numa condição de apaixonado, aprisionado?
Doce prisão, de férteis pensamentos, doces prantos.
Em que olhos me escondo para dizer que hoje não sou eu que escolho.
Em que olhos me perco.
Talvez nos teus, onde dormiria, com toda a certeza, descansado.
Que braços me acolhem, a que braço me agarro, que ventre hei-de beijar.
Vestido nesta condição, de precária razão, de peito quente, assim é a paixão.
Correspondida ou não, é medo sem forma, é caminho.
E todo o caminho, para levar a algum lado, tem seus percalços, tem os seus senãos.
Um caminho nunca foi fácil de trilhar: a virgindade do ser humano trilha, com a Razão, a densa floresta da vida.
A paixão, a emoção, conscientes estultas, são extensões de nós.
Ferramentas de artífice, dom de cada um.
E cada um de nós utiliza, cada um de nós pensa e sente, cada um de nós trilha um caminho.
Os caminhos cruzam-se, aí retorno à condição em que comecei este texto.
Continuando sem saber se é a tua mão que procuro…

quinta-feira, novembro 11, 2004

Cristos menores... aos utopistas.

Mortificados pelo mundo
Entretêm-se no sonho
Balbuciando líricas palavras
Que conduzem crenças
Até ao advento da Utopia
Sempre que podem gritam: Não!
No silêncio do nosso romantismo
Perdoai as nossas ofensas
Assim como perdoamos
A quem tem ofendido
Os nossos sonhos…
Anti, instituído, Homem
De promessas feitas
Assim reza o mundo
Que, cheio de glamour,
Pauta a história de todos
Utopia, moda de quem vê montras…
… Julga por se julgar, melhor
Ou pior, ou baixo ou azul: Não!
Montado está o cenário
Cristos menores em cena
Com áureos sonhos no mundo cinzento
Guerras antónimas de pazes
Enchem olhos aos que são estrangeiros
À própria Humanidade
Gritos que no escuro claros são
Gritos que misturam anseios e razão
Contra as marionetas de tuxedo,
Os que têm o colarinho branco
Sujo pela corrupção, dizemos: Não!
Cristos menores,
Embora no silêncio das palavras escritas
Lêem-se nas entrelinhas mundos
Dentro do mundo que renegou
Os ideais que fazem, ainda,
Com que a Vida seja possível
A máquina comanda a outra,
Do alto das poltronas, ouvem-se
Ordens de mandar no mundo
Que sendo de todos, é apenas de alguns
Cristos menores ainda sonham,
O bicho ainda anda à solta
Gritamos do fundo dos pulmões,
No silêncio das palavras por ler: Não!


Continuem a acreditar!
Muito Obrigado.

segunda-feira, novembro 08, 2004

Guy Debord, excerto de "A Sociedade do Espectáculo"

6
O espectáculo, compreendido na sua totalidade, é ao mesmo tempo o resultado e o projecto do modo de produção existente. Ele não é um suplemento ao mundo real, a sua decoração readicionada. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares, informação ou propaganda, publicidade ou consumo directo de divertimentos, o espectáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. Ele é a afirmação omnipresente da escolha já feita na produção, e o seu corolário o consumo. Forma e conteúdo do espectáculo são identicamente a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espectáculo é também a presença permanente desta justificação, enquanto ocupação da parte principal do tempo vivido fora da produção moderna.

quarta-feira, novembro 03, 2004

...

O virtuoso cai no “goto”
Do político
Desiste do totoloto
Se sabe muito
É crítico…

…ou criticado, viandante
Nega tudo
Raio do moço
Que é casmurro!
A regra é minha ó obtuso!

Crio leis,
Mato reis
Lambo os dedos,
Beijo os medos

É anormal este gajo
Ou animal, o eremita
O social é tacho
Feito à medida, desmedida
Não é panela
É marmita
Fazes fita?

Vais preso, morto ou vivo
Não te há-de faltar castigo
Era bom que te safasses
Às leis que instigo!

Cuspo nas leis, ressuscito reis
Os meus credos
Amam medos
Amam regras
…e ainda há tempo para depois.

segunda-feira, novembro 01, 2004

Pendular

Somos
Arrastados
Pela
Rotina
Transparente
Vítimas
Do
SSSSStress
Mortos-vivos
Caminhamos
Esbanjamos
Tudo
O
Que
Somos
Neste grande pêndulo
Que é a vida que levamos
De fio a pavio todos os dias
Do sonho ao vazio de todos os dias
E andamos nós, formigas do catarro urbano
Para cá e para lá com a vida contada
Por relógios precisos e exactos que marcam
O tempo do tempo em que estamos, cegos
Somos parcelas de uma mistura rasca
Entre o hábito e o espírito só
Hipnotizados somos levados a entrar
No pêndulo da rotina sóbria
Que comanda, tosco,
O relógio
Da vida

Cavalo de Troia Porquê?!

. porque o conteúdo subversivo deste blog assim o obriga...tchan tchan tchan tchan
. porque podemos contribuir para a propagação de um vírus mortal... o Pensar
. porque neste blog se encontra a verdadeira surpresa (os soldados gregos feitos palavras)
. porque existem, com toda a certeza, um sem número de outros nomes e este foi o que nos ocorreu
. porque o Sol brilha para todos com igual intensidade
. porque estes tópicos começam a soar a manifesto político
. porque a vida podia ser, sem dúvida alguma, algo de mais desejado (para aqueles que cometem suicídio)
. porque iremos invadir as vossas representações acerca do mundo
. porque os valores vigentes tendem a chatear os autores desta obra preciosa
. porque sai mais barato ir ao Lidl do que ir ao Modelo
. pprouqe o noso andalfanetismo nos permite-nos escraver uma magazina deste invargadora
. porque é muito mais barato do que “O Crime” ou o “24 horas”
. porque temos a mania que somos seres da lua que viajam por todo o infinito na busca incessante do ser eterno em si finito e algumas panquecas com mel de Júpiter interceptado com Vénus sempre – resumindo temos a mania que somos freaks
. porque estamos fartos de rezar ao Andy Warhol para ter os quinze minutos de fama que ele prometeu e, após tanto tempo de oração, ele respondeu... Agora é o momento
. porque prometemos um trabalho sério... (risos)...
. porque a vida não é só... ser
. porque a liberdade que hoje é apregoada pelos senhores do mundo não é a liberdade que o Homem pretende
. porque “(...)mais vale ser um cão raivoso que uma sardinha metida, entalada na lata educadinha, pronta a ser comida, engolida, digerida e cagadinha(...)” – “Cão Raivoso” Sérgio Godinho
. porque a Utopia existe
. enfim, porque SIM. pim pim pim

Cavalo de Troia porque...

Cavalo de Troia, porque Setúbal já tem cavalos que cheguem para...