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segunda-feira, maio 22, 2006

Diário de um anónimo I

A urgência do encontro escondeu-se no pretexto, e, no momento exacto em que escrevia o texto, apercebeu-se das palavras que nunca dizia, pois guardava-as para as escrever. Escreveu dúvida, e não duvidava do sentido que esta palavra tinha para ele, não era só mais uma, era a dúvida; escreveu amigo, e não sentiu nada, limitou-se a escrever. Precipitou-se num choro, limpou as lágrimas, escreveu morte. Nada sentiu. E estava ele à espera de sentir o efeito das palavras que nunca dizia. E se o efeito estivesse preso nos outros? Por que não o sentia ele próprio, se era ele que o escrevia? Pensou num choro, escreveu um lamento, fez um rabisco retratando a vida num boneco sem pés nem cabeça. A tinta da caneta, que ainda sobejava para uma última mentira, aproveitou-a ele para se descrever e disse a verdade. Terminou o texto com a palavra apatia. “Mas, apatia é uma má palavra para terminar um texto, que falta de ética!”, pensou. Escreveu mais duas frases para se justificar e terminou com a palavra acção. Deitou-se e procurou a posição mais confortável para dormir sobre o que tinha escrito.
No dia seguinte acordou bem disposto, tomou o pequeno-almoço e foi trabalhar…

$BlogItemCommentCount$>Inventaram o Amor:

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