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segunda-feira, novembro 28, 2005

De Quem a Alguém

Quem vai e volta. Move-se em segundos, partículas de pueris movimentos, mas seguro. Quem não sabe o que provoca; esconde-se atrás de mais frases insinuantes, serpenteando o seu corpo de sombra. Faz sobejar um carinho, que guardo para gastar nas horas que não estou na sua presença. Também tem hábito de deixar saudades, mas julga que exagero. Quem não vê, mas, Quem sabe. Quem já sabe que me iludo com facilidade, mas, a forma como articula as suas palavras… Se tudo fosse fácil. Quem adormece feliz, às vezes, com o que lhe digo; e, num arco-íris, esteve escondido um mistério.
De repente, num instante que não conhece dimensão, Quem sai de trás do biombo para de novo se esconder. Quem não se quer mostrar e, se se mostra, é para que se saiba que é intocável.
Quem já se mostrou, mesmo por pouco tempo, é, agora, Alguém. E Alguém quer ser ninguém.
Continuo deitado no canto desse quarto escuro, onde o entrevistei nesse instante que não conhece dimensão. Apenas olhei, Alguém olhou, vi Alguém que é ninguém por opção.
Alguém é alguém com passado, com futuro, é alguém próximo, afastado, ninguém sabe, nem eu sei. O momento da chegada foi o mesmo momento da partida. Eu continuo deitado no canto à espera de uma hora mais feliz, onde possa falar com Alguém sem receio de mim mesmo e do que sinto.
Durante o sono solto algumas frases, como incontinentes pedaços de coisas bonitas que já li. Recrio prosas, reinvento ideias, rumino poesias, só para que Alguém me sinta e desista de ser ninguém. Aninhado no canto, num letargo de prazer acre, entoo doces melodias de voz quente. Enlevo Alguém nas odes escritas em cima de um joelho doente que teima em não melhorar. “Tenho de me levantar e ir embora, já é tempo”, penso.
Por que motivo permaneço aqui, Alguém não me quer encontrar como eu a Alguém. A morte pode de facto surpreender-nos e não somos obrigados a morrer por isso.
Alguém está atrás do biombo, de novo, debate-se com a indiferença que sente. No meio dos poemas que ruminei e das prosas dedicadas a Alguém solto um adeus e abandono o quarto. Alguém não quer ouvir o adeus; mas… Alguém é alguém e eu, perdoem-me… sou só mais um homem.
Nunca o trivial foi exaltado, nem deve sê-lo.

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