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sábado, maio 21, 2005

Nevoeiro.

Sempre que me lembro de dar ao manifesto sonhos de perfeição, surgem-me os vapores de um nevoeiro londrino, envolto em teus braços, rodopiando no teu cheiro, querendo de ti ser chama e gelo.
Não ligues ao que digo, ainda menos ao que escrevo.
Sei demasiadamente bem - raios partam os advérbios de modo - dizia, sei demasiadamente bem que nada do que interessa passará melhor ou pior na manga estendida de amor que te ofereço.
Gosto de
- lá vai ele começar os discursos do costume! gosta disto e não gosta daquilo....
Não ligues ao coro, meu amor. Dizia que gosto de
- há-de morrer assim, a pensar em narrativas e epopeias, coros e tragédias e dramas gregos, sem perceber como escrever, sem cuidar de querer aprender
Não lhes ligues, meu amor. Dizia que gosto de coisas que aprendi a ter tempo de saber gostar, de desenhar uma cadeira para me sentar a aperfeiçoar a preguiça, de compreender o medo de um olho que não se fecha, de repetir a tabuada dos três que sempre me escapou, de ouvir o pedido surdo de um texto que se quer acabar.
Os coros, quando não enxovalham o autor, servem de balanço e trapézio.
Para mim, o teu amor, quando surgir, é o rasgão de luz que terminará as tréguas com o nevoeiro.
Com esse majestoso e sublime nevoeiro do qual tanto quero escapar.

Autor: Rui

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