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segunda-feira, abril 04, 2005

Inquilino mais ou menos misterioso

Não sei se me apetece de facto escrever o que sinto.
Talvez hoje não.
O Marco, fez-se gratidão e convidou-me para escrevinhar nesta casa da qual serei apenas inquilino.
Como bom convidado, tentarei limpar os pés, não colocar os cotovelos em cima da mesa, e apresentar-me a horas decentes.
Quanto ao resto, e se me perdoarem a franqueza, vou olhar para o céu, comer uma bola de Berlim, esperar que Lisboa se desfaça por dentro e pressentir o ruído dos passos que me fazem sorrir no soalho de madeira.
Ele há coisas que nos matam de preguiça, e eu pelo sim pelo não, escapo-me das tendências de acabar prisioneiro de uma máquina a fazer-me respirar sem eu, raios me partam o costumeiro egoísmo, assim o entender.
E já agora, afasta essa lágrima parva, e vê se fechas as cortinas.
Quando se faz amor, não se deve escrever o que se sente.

Autor: Rui

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