Do dia perfeito.
Quando nada acontece de especial nas nossas vidas, temos uma tendência - generalista, diga-se - para evidenciar remorsos e ganhar consciência do nosso eminente vazio. Acrescente-se a natural propensão que o portuga tem para o suicídio, para ser larápio mesmo que não queira, e valdevino de garganta. Não me espantam os anúncios de companhias de seguros e de bancos a apelarem à nossa felicidade. Acho aliás mais que bem. Muito mais que bem.
Já que nada fazemos para saírmos do esgotozinho em que nos afundamos ao sabor do contra-relógio diário, ao menos que seja o capital a permitir-nos sonhar com divídas e existências extraordinárias. Conseguir um créditozinho é abanar o pirata oitocentista que nos habita, é espantar o Alves dos Reis que não nos larga, é exorcizar o forreta que por vezes temos cá escondido. Acabei de passar um sinal vermelho e quase que atropelei um peão na passadeira.
Quem me dera que a vidita fosse apenas isto...
Lambuzo um cigarro e olho para o lado.
Os olhos verdes que daí saem parecem mesmo a capa de uma revista de moda.
Raios partam, a publicidade subliminar anda-me a dar a volta ao miolo.
Autor: Rui
$BlogItemCommentCount$>Inventaram o Amor:
Olha que para conservador: se calhar até falamos mais a mesma lingua do que aquilo que pensas! Continua Rui, muita força!
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