Já foi o tempo.
De repente viu-se nua. Quando ela a olhou a pele dela despedaçou-se e as sobrancelhas voltaram a fazer aquele arco que denuncia o coração cativo. Por sorte, havendo um espelho ali perto, a rapariga mirou o seu reflexo e logo se recompôs. As sobrancelhas logo se redesenharam, os olhos, esvaziou-os, como dois berlindes, agora só reflectiam o que ele queria ver. Na verdade, o que ele via era o reflexo dos seus próprios olhos, preferiu acreditar nisso mesmo, encostou-se à ilusão e passou a julgar no seu íntimo que ela ainda o amava. “Passou muito tempo sobre isso, muito tempo mesmo…”, dizia-lhe a consciência, num sussurro que ia e vinha. Ele, falando alto para se convencer, e para que o mundo o ouvisse, dizia, “Está tudo bem, já foi o tempo, já passou muito tempo sobre isso, muito tempo mesmo…”. Chegou à conclusão que era o corpo que não o deixava esquecer, ele classificou isso de desejo e arrumou tudo na pasta do esquecimento – que é feita do mesmo material que a pasta dos raciocínios.
$BlogItemCommentCount$>Inventaram o Amor:
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