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segunda-feira, novembro 29, 2004

Estava confiante, o Tempo...

Encetámos novo diálogo, aos olhos de outros pareceria solilóquio. Continuo a remoer-me, bem cá dentro. Ele, irónico, sabe bem dos seus desígnios, porém, toda a verdade por ele proferida me soa a possível mentira. São os caminhos, que ele anuncia, que eu temo, isto porque as escolhas são minhas. Por que decisões me levo, por que deliberações me retenho. Todas elas, em que tempo? O meu tempo, tempo dos outros, tempo do mundo. Temo, Tempo. E no tempo temo os tempos que hão-de vir. A sua mão forte, mas afável, no meu ombro, acalma-me:
- O tempo está do meu lado – afirmei sorrindo.
- Estou do teu lado, sim senhor! O tédio não te há-de consumir, virei armado, sempre que assim o quiseres, mesmo sem querer.
O sorriso não lhe saía do rosto e os seus olhos reluziam. Estava confiante, o Tempo.

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